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A Indicação de Procedência é uma espécie de assinatura que atesta a qualidade de cada terroir de nosso país.
As vinícolas brasileiras vêm investindo na busca por certificações de origem.
Confira quais regiões produtoras já foram consagradas e possuem essa Indicação de Procedência (IP).
Farroupilha
A área delimitada da IP Farroupilha é a maior área de produção de uvas moscatéis do Brasil, com destaque para a cultivar Moscato Branco, cujo perfil genético foi identificado como único no mundo.
A produção das uvas moscatéis é realizada por centenas de pequenos produtores concentrados na Região Delimitada de Produção de Uvas Moscatéis.
Enquanto os vinhos são elaborados por diversas vinícolas, que se encontram distribuídas em todo o território da Indicação de Procedência no município de Farroupilha.
A Associação Farroupilhense de Produtores de Vinhos, Espumantes, Sucos e Derivados (Afavin), constituída por vinícolas familiares e cooperativas de pequenos viticultores, promove e estimula a vitivinicultura regional.
Essa identidade é reconhecida na Indicação de Procedência Farroupilha.
De fortes traços culturais e com foco na produção de vinhos finos moscatéis, incluindo os vinhos finos tranquilos, moscatel espumante, moscatel frisante, vinho licoroso, mistela e brandy de moscatel.
Algumas regras da Indicação de Procedência de Farroupilha
Variedades autorizadas:
- Moscato Branco (tradicional), Moscato Bianco, Malvasia de Cândia (aromática), Moscato Giallo, Moscatel de Alexandria, Malvasia Bianca, Moscato Rosado e Moscato de Hamburgo.
Os vinhos só podem ser elaborados com as uvas Moscatéis autorizadas;
Mínimo de 85% das uvas produzidas na RDPM – área com 128,62 km2 que delimita a origem histórica da produção de moscatéis da região;
Elaboração, engarrafamento e envelhecimento na origem (espumantes e frisantes podem ser engarrafados também nos municípios limítrofes da I.P.);
Vinhos com padrões de qualidade estabelecidos e controlados para valorizar as características naturais dos produtos desta origem.
Monte Belo
Em 2003, um grupo de viticultores criou a Associação de Vitivinicultores de Monte Belo do Sul (Aprobelo).
Foram motivados a estimular e promover a produção de vinhos de qualidades de origem controlada na região, onde quase 40% da área é cultivada com vinhedos.
A Indicação de Procedência (IP) Monte Belo tem como grande diferencial o fato de ser constituída exclusivamente por vinícolas familiares de pequeno porte.
A área geográfica delimitada é de 56,09 km2, distribuídos pelos municípios de Monte Belo do Sul (com 80% da área), Bento Gonçalves e Santa Tereza.
Monte Belo do Sul é o município com a maior produção per capita de uvas para a elaboração de vinhos finos (Vitis vinifera) da América Latina.
Com 16 toneladas per capita/ano, destaca-se como sendo a grande região produtora de uvas de qualidade utilizadas na elaboração de vinhos finos em vinícolas da Serra Gaúcha.
Agora, com a produção de vinhos de origem controlada no local, os pequenos produtores poderão agregar mais valor à sua produção e a região ter a visibilidade merecida.
Algumas regras da Indicação de Procedência de Monte Belo
Os produtos autorizados são elaborados na região delimitada, com as respectivas cultivares autorizadas, exclusivamente de Vitis vinifera:
- Vinhos Finos Brancos Tranquilos: Riesling Itálico e Chardonnay;
- Vinhos Finos Tintos Secos: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Tannat, Egiodola e Alicante Bouschet;
- Espumante Fino: Riesling Itálico (>40%), Pinot Noir (>30%), Chardonnay e Prosecco;
- Moscatel Espumante: elaborado com base em seis cultivares moscatéis da região.
100% das uvas utilizada na elaboração dos vinhos devem ser produzidas na área geográfica delimitada;
Vinhedos com produtividade controlada e padrões de maturação das uva para vinificação;
Vinhedos geo referenciados, garantindo o rastreamento dos produtos;
Levedura exclusiva da região para vinificação.
Vale dos Vinhedos
Pioneiro na busca por regras de certificação, o Vale dos Vinhedos foi a primeira zona produtora a receber a Denominação de Origem (DO) para vinhos no Brasil.
A conquista ocorreu em 2012, exatos 10 anos após a região alcançar o status de Indicação de Procedência (IP), pré-requisito exigido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) para a concessão da DO.
A classificação exige o cumprimento de normas bastante restritas, que abrangem desde o cultivo da uva até o engarrafamento do vinho.
Algumas regras da IP do Vale dos Vinhedos
Variedades autorizadas:
- Vinhos: Merlot, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Tannat, Chardonnay e Riesling Itálico;
- Espumantes: Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico.
A produtividade é limitada em 10 toneladas por hectare para os vinhos e 12 toneladas por hectare para espumantes;
Graduação alcoólica mínima de 12% para tintos, 11% para brancos e 11,5% para espumantes;
Espumantes secos devem ser feitos pelo Método Tradicional;
Chaptalização e uso de chips ou lascas de carvalho não são autorizados.
Pinto Bandeira
A vocação das vinícolas localizadas em Pinto Bandeira para a elaboração de espumantes foi reconhecida em 2010 pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) por meio da Indicação de Procedência (IP) para a região.
A grande qualidade dos espumantes, sejam secos ou doces, chamou atenção também para os vinhos feitos na mesma área, que foram igualmente incluídos na classificação.
Os produtos que recebem o selo da IP são previamente avaliados por um júri regulador, que verifica se os rótulos apresentam a qualidade mínima esperada.
E também, se trazem as características particulares dos vinhos e espumantes elaborados em Pinto Bandeira.
Algumas regras da Indicação de Procedência de Pinto Bandeira
Variedades autorizadas:
- Espumantes secos: Chardonnay, Pinot Noir, Riesling Itálico, Viognier;
- Espumantes doces: Moscato Branco, Moscato Giallo, Moscatel Nazareno, Moscato de Alexandria, Malvasia de Candia, Malvasia Bianca;
- Vinhos: Cabernet Franc, Merlot, Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Tannat, Pinotage, Ancellotta, Sangiovese, Chardonnay, Riesling Itálico, Moscato Branco, Moscato Giallo, Trebbiano, Malvasia Bianca, Malvasia de Candia, Sémillon, Peverella, Viognier, Sauvignon Blanc, Gewurztraminer;
Espumantes secos devem ser feitos pelo Método Tradicional;
Vinhedos com controle de produtividade.
Altos Montes
Com 173,84 quilômetros quadrados, a Indicação de Procedência (IP) Altos Montes é a maior já certificada no Brasil.
Abrange Flores da Cunha e Nova Pádua, municípios que estão entre os maiores produtores de vinhos por volume do Brasil.
Foi assim batizada por causa de seu relevo acidentado e pela altitude, que chega a 885 metros em relação ao nível do mar.
O cultivo da uva na região é marcado pela ocorrência em pequenas propriedades e por empregar basicamente mão-de-obra familiar.
Isso não impediu que as vinícolas fizessem uso de alta tecnologia para elaborar vinhos cada vez melhores.
Algumas regras da IP Altos Montes
Variedades autorizadas:
- Vinhos: Cabernet Franc, Merlot, Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Ancellotta, Refosco, Marselan, Tannat, Riesling Itálico, Malvasia de Candia, Chardonnay, Moscato Giallo, Sauvignon Blanc, Gewurztraminer, Moscato de Alexandria, clone R2;
- Espumantes secos: Riesling Itálico, Chardonnay, Pinot Noir, Trebbiano;
- Espumantes doces: Moscato Branco, Moscato.
No mínimo 85% da uva utilizada deve ser proveniente da área delimitada;
A elaboração, envelhecimento e engarrafamento dos produtos deve ocorrer dentro da área geográfica delimitada;
Vinhedos com controle de produtividade;
Nenhum vinho pode ir para o mercado sem passar pelo crivo da comissão de degustação.
Vales da Uva Goethe
Única Indicação de Procedência (IP) relativa à vitivinicultura fora do Rio Grande do Sul até agora.
Os Vales da Uva Goethe compreendem a produção de vinhos brancos, espumantes ou licorosos a partir dessa variedade no Litoral Sul de Santa Catarina.
O ponto de referência geográfico da IP é a cidade de Urussanga, mas ela se estende por outros sete municípios vizinhos.
Obtida em 2011, a certificação de origem foi uma conquista da Associação dos Produtores da Uva e do Vinho Goethe da Região de Urussanga (Progoethe), entidade fundada para agregar vinicultores e desenvolver a imagem dessa casta.
Conclusão
A busca por certificações que atestem a origem e a qualidade de vinhos e espumantes é uma tendência que cada vez mais ganha força no país.
A maior parte das iniciativas se concentra no Rio Grande do Sul, mas propostas nesse sentido começam a surgir também em outros lugares do Brasil.
Na Serra Gaúcha, duas regiões trabalham para conquistar o reconhecimento.
Os Vinhedos de Monte Belo (Aprobelo) já ingressaram com pedido no INPI para a Indicação Geográfica.
Na cidade vizinha de Farroupilha, a Afavin tem projeto similar, visando especialmente a promoção de seus moscatéis.
Ainda no Rio Grande do Sul, a entidade Vinhos da Campanha trabalha para o reconhecimento da zona produtora que abrange a fronteira do Brasil com o Uruguai.
Em outro extremo do Brasil, os produtores ligados ao Instituto do Vinho Vale do São Francisco (VinhoVasf) buscam a certificação para o Vale do Submédio São Francisco.
Conforme novas regiões vinícolas vão se desenvolvendo no país, são esperados mais pedidos de indicação geográfica. Claramente, esse é um processo que está apenas começando.
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